terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Bulcão, o secretário trapalhão


Bulcão, o secretário trapalhão

Marcelo Cheche Galves

O Secretário da Cultura do Estado do Maranhão, Luís Bulcão (o mesmo da reforma da Biblioteca Benedito Leite...) protagonizou no último dia 27 de janeiro um episódio digno de sua atuação à frente da pasta.
Circulando pela Praia Grande, o secretário ouviu as manifestações de alunos e professores do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão, que bradavam ao microfone contra a sua incapacidade administrativa. Explico. O secretário Bulcão cedeu, sem ter poder para tanto, as ruínas localizadas na Rua da Estrela, nº 309, para o IPHAN, que por sua vez, transferiu a cessão para a construção de um centro de preservação do Tambor de Crioula.
Ocorre que, ao mesmo tempo, a Universidade Estadual do Maranhão solicitou a cessão das ruínas para abrigar um anexo do Curso de História, que funcionará no prédio ao lado, nº 329 (a inauguração está prevista para junho de 2012). Pelos trâmites legais, a solicitação foi feita à Secretaria de Planejamento em março de 2009 e o resultado, positivo, foi publicado pelo Diário Oficial do Estado do Maranhão de 14 de dezembro de 2011.
Desrespeitando princípios básicos sobre a legislação referente à cessão de bens tombados, o secretário Bulcão arrogou-se o direito de fazê-lo. Resultado: o mesmo Estado expediu duas cessões: uma oficial, para a UEMA, outra extra-oficial, para o IPHAN/Tambor de Crioula.
No último dia 27, o IPHAN convocou autoridades para o lançamento da pedra fundamental da obra. Constrangidos com a manifesta irregularidade, os secretários de Estado não apareceram. O Ministro do Turismo, Gastão Vieira, também não apareceu, nem mandou representante. Apenas Luís Bulcão circulava entre os convidados, no melhor estilo: Quem pariu Mateus, que embale.
Incomodado com os gritos pedindo a apresentação do documento da cessão oficial do prédio, Bulcão tentou passar anônimo entre os manifestantes. Identificado e convidado a utilizar o microfone, esquivou-se.
Talvez Bulcão esteja agora pensando numa saída para o imbróglio que provocou. Saída? Está aí uma boa sugestão: sua saída do cargo. É aguardar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sinfonica sem Berim

Sinfônica Sem Berlim
Por Augusto Venturoso
          Sim, este foi um ano bom. Há desde sempre uma perspectiva em meu peito quando o ano finda, embora deliberadamente encoberta por especioso desgosto e desânimo mantidos pela fiúza de que nada fiz mais uma vez ou ainda. Não foi o ano mais intenso, nem o mais frio, nem o de maior extravio das bagagens que não quis carregar por exaustão ou preguiça. Não foi o mais buliçoso, creio. Tudo aconteceu como se eu assistisse a vida num sofá. Não passivo. Não alheio.

          As engrenagens exigiram muito esforço e acordei com sono todos os dias sem saber se suportaria sair da cama. Saí o ano inteiro. Quase nenhum poema, apenas alguma prosa par a que o corpo mantenha algum conforto no ato duro de escrever.

          Bebi muito como de costume, por cegueira, tentando ser o vagalume na escuridão achando que sua luz norteia, até saborear o amargor ao tomar dimensão do quanto está no escuro a cada vez que emite miserável luz. Foi então que diminuí o muito que bebia, mas a regra deste crime impediu-me de abandonar a mesa com algum lucro, fumei a mais o que não sorvia. Atinei de largar desse baralho e deixar de ser bandido. Só que nas leis deste delito só aceitam o derrame das cartas quando se abre falência, quando a esquadra chega ou quando tudo está perdido. O que não se extrai por pacto de afinidade, se modera.

          Sempre celebrei a vida, mas nunca apostei na felicidade. É a primeira vez que vejo de perto a vida como superação e com afeto rabisco na tela em branco traços de serenidade. A inclinação é tanta que os clichês se evadem e o que não conseg uia tinta, pousa.

          É um avanço perceber com resignação que a angústia pode ser margeada em uma tela ao lado da alegria e se tornar uma fotografia de estimação que aos poucos vamos diminuindo-lhes a estima, atenção e carinho. Nós criamos nossos fantasmas, como um pássaro constrói o ninho para ovos malditos. É preciso de assaz dedicação para tonificá-los, pois sua natureza frágil de gripe os mata.

          Valer à pena vale mais do que os fantasmas que esteamos ao longo da vida. A existência tem valido. Algo escutou o grito no escuro. O amparo chegou e exige da alegria a felicidade. É necessário que a vontade de ampliar as alegrias ampute a asa elaborada com angústia. Há muito que estava morto e eu queria. Parecia a melhor proposta estética e a mais útil fantasia para o carnaval das minhas cinzas.

31/12/2001

Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

  Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zo...