quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Túneis Invisíveis


Por César Borralho

Túneis Invisíveis


Ou a arte de desacreditar na memória
sob o efeito das Lágrimas de Tucídedes

Quando algo ascende à chama ainda
rosna a fera a tudo o que hiberna,
a boca que era farta se dá faminta,
devorando todas as quimeras.

Não existem flores na primavera,
só segundas intenções.

O pouco que outrora acalmava,
(um dia) desespera!

O vento se torna o faro do lupino,
o pássaro atrai a pedra do menino
e tudo tem a sede de um carnívoro.

A memória é um meio tão maldito,
intersecção de túneis inundados,
redemoinho atroz e desacelerado
que cede o último fôlego à imagem.

Todo esforço é luta aflita do selvagem
para desacreditar das coisas do silêncio.

À imagem só existe um movimento
contra a certeza e tudo o que ela crê
atenta ao que causa a inquietude,
alheia ao que esta causa ao ser.

O que conta é o que muda a calmaria,
emperra as engrenagens e a constância,
é o que alimenta o futuro e a nostalgia,
sem camuflar as suas semelhanças.

Quebrar a ampulheta cria hemorragia
(de areia em busca de mais anos)
não é o sol que vira a página do dia,
mas tão-somente aquilo que amamos.

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