quarta-feira, 17 de julho de 2013

bolhinha

Imagino tuas revolvenças,
teus giros de mundo sem pés,
tuas brigas com Deus em pé,
tuas vísceras remoendo um passado sem futuro
e o futuro construído sem passado,
tua cabeça girando como um parangolé,
mas até a arte não te sustém, aliás, talvez somente ela ainda te mantenha ainda que de joelhos
olhando pela janela a procura de um quadro, não de Dali, mas qualquer um que se estivesse ali
te mostraria um mundo, sem delírios, sem pirotecnia, apenas uma tela branca, talvez cinza-cor de transparente, a mesma cor que agora sentes ao te olhares no espelho; mais magra, não mais bolhinha,
mais rodada, nem por isso mais preparada, para nada ou pra tudo, sabe-se lá o quê,
afinal, foste rodar o mundo na busca das mesmas respostas que procuras agora,
e cada vez que voltavas encontravas o mesmo quadro ausente cinza-cor transparente, pintado por tua mente, sempre estridente, rangendo entredentes perguntando onde mora o sossego, cadê a paz, a gata,
o suco natural-natureba, a ausência da carne, que carne? Aquela que alimenta a sanha de tua vontade de ferroar, primeira a ti mesma, depois quem passar, mas com toque sutil, maneiro, quase imperceptível, que não deixa esquecer quem és, assim mesma: inquieta-calma, tranquila-voraz, louca-santa, equilibrada-pensa, altruísta na tua, do mundo e consigo, dos outros e de ninguém, sozinha sempre acompanhada, musical-silenciosa, textual-imagética, tátil no touch.

Isso que não se sabe dizer o nome não vai passar, não tem porque passar, não é para passar, se fosse, já era, não foi, é, és, sempre foste, sempre serás.

Não procure o quadro cinza-cor transparente. Pinte o seu, mas logo ele vai mudar de lugar. Deixa o novo entrar.
                 








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