sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fim do Versura

Caros leitores,

Desde o dia 05 de agosto de 2011, quando tive a ideia de lançar um blog; uma forma mais leve e não acadêmica para expressão do meu pensamento, fui impelido pelo espirito de dizer coisas que não diria em artigos científicos. 

O blog também era uma aventura literária, uma forma de tornar mais leve expressão de sentimentos que a dureza da vida mormente não permite. 

Foram 197 textos divididos entre ensaios, crônicas, contos e poesias. É um blog autoral, diário, coisa raríssima. Ao longo desse 1 ano e meio dividi com leitores, que nunca vou conhecer, opiniões compartilhadas por pessoas espalhadas por 34 países, 80 visitas por dia, 77 seguidores, 15.760 acessos em todos os continentes.

Tenho muita vontade de saber como as pessoas no Brasil e ao redor do mundo tomaram conhecimento dele, porque liam diariamente, o que as interessavam, e, sobretudo, quem são.    

Nesse blog ri, chorei, empolguei-me, expectei, vibrei, me indignei, vivi intensamente. Dividi com alguns amigos textos, publiquei opiniões diversas, não censurei nenhum comentário. 

O blog tinha uma função e essa creio ter chegado ao fim. Uma busca terminou e a resposta que queria finalmente encontrei. Agora é hora de me lançar a um novo projeto.

Não é sem dor que vou parar de escrever e me dedicar a ele, mas para o meu novo projeto preciso de tempo, dedicação e muita calma. É o que vou fazer.

Vou sentir muita saudade dele e de vocês que se tornaram meus confidentes fiéis. Peço desculpas pelos textos apressados, mas escrever todo dia não é fácil, sobretudo com o volume de coisas que executo diariamente.

Espero ter contribuído, colaborado de alguma forma para algum tipo de reflexão, aprendizado. Se sim, me sinto honrado, se não, tentei.  

Agradeço muitíssimo o carinho, atenção que dedicaram a ele. Sei que ele fazia parte da vida de muita gente, isso muito me alegra, imaginem na minha. Vou guardá-lo com carinho para sempre.

Talvez um dia eu volte eu mude de ideia, por hora, vou ficando por aqui.  

A todos vocês, forte abraço.

A palavra desdobrou.         

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Saiu o novo resultado de aids de meu amigo

Caros leitores,

Desde a publicação do artigo: A cura da Aids, fruto do conhecimento de que um amigo meu é portador do vírus HIV e que fazia um tratamento alternativo com ervas nigerianas, alimentei a esperança de que o silêncio e o isolamento em relação ao médico nigeriano fizessem parte de uma estratégia da indústria farmacêutica e dos governos que recebem recursos da ONU, caso específico da Nigéria. Continuo achando.

Depois de iniciado o tratamento as taxas de meu amigo baixaram consideravelmente, a tal ponto que no penúltimo exame o resultado foi: indetectável.

Depois, comecei a receber uma série de cobranças, muitas criticas, fui inclusive acusado de receber dinheiro pela divulgação do tratamento. Me empenhei, me expus na ânsia e esperança de que houvesse uma saída para tal doença.

Conforme havia me comprometido, liguei para o Sandro Nobre e de fato o resultado saiu essa semana. Infelizmente, constatou-se a permanência do vírus. Segundo Sandro, meu amigo tomou uma série de remédios que comprometeram o tratamento, não deveria, não seguiu a posologia adequada. Vão refazer o tratamento e seguir adequadamente.

Eu sei que essa resposta é um balde de água fria para as centenas de pessoas que esperavam por um luz. Nesse exato momento eu choro de tristeza, frustração, porque estava disposto a ir às últimas consequências caso o resultado do tratamento fosse satisfatório. 

O Sandro Nobre vai me enviar um relatório detalhado do que deu errado. O meu compromisso foi de divulgar qualquer que fosse o resultado.

Não vou desistir de continuar acreditando na cura, na esperança de um mundo melhor. Acredito potencialmente nas pessoas e nem todo mundo é charlatão, bandido, aproveitador. Existem pessoas, como bem frisou Bertold Brecht, que lutam a vida inteira, essas são imprescindíveis. 

Enquanto houver vida, há esperança. Lamento e choro com todos aqueles que criaram expectativas. A nossa jornada continua, não desistamos, não vamos nos abater, vamos amar, torcer, vibrar, acreditar, lutar e quando nossas forças estiverem desfalecendo, é o momento de ainda acreditar, porque as nossas vidas são nossas e só dependem da gente. 

A todos que acreditaram, meu muito obrigado, aos que criticaram a iniciativa, também obrigado.

beijos na alma,


Henrique              

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O desdobramento da palavra

Robert Darnton, historiador francês, em O iluminismo como negócio, analisa o processo de produção, distribuição e circulação da obra A ilustração, supostamente um dos pilares e influenciadores da revolução francesa. A ilustração, conjunto de verbetes acerca de temas gerais e variados, foi considerada uma obra subversiva, portanto, proibida pela Igreja Católica. E, de fato, foi.

Nem tanto pela associação forçada de que seus idealizadores eram burgueses, logo, as ideias ali contidas possuíam um caráter burguês, e sim, por aquilo que as palavras, seus meneios, estratégias imagéticas e discursivas foram capazes de produzir nos seus leitores.

Pouco afeitos à leitura, os neófitos leitores se depararam com um universo completamente novo, desdobrando-se em imagens que os verbetes ilustravam. Com o tripé: filosofia, teologia, necromancia, por vezes expressões e imagens aparentemente banais, continha ideias subversivas, levando o leitor pelo caráter do subtexto abrir links com situações e reflexões acerca dos assuntos tratados. Afora o caráter metalinguístico, ou seja, cada vez que os leitores visualizavam uma situação, abriam-se novas janelas dentro de suas mentes.

Esse poder da palavra encanta. É claro que ela é uma das linguagens, e não a linguagem, no entanto, como é com ela que dialogo, tergiverso, alitero, me apaixono cada dia mais pela capacidade criativa, imaginativa, construtiva de significados do mundo. 

Uma vez diante da pletora situação de descoberta pelas palavras nunca mais se é o mesmo. As palavras, como qualquer outro texto, possuem a capacidade de ilar uma percepção da realidade, aprioristicamente tomado pela observação do olhar para o desvelamento de mundos a serem descortinados. A literatura faz muito bem isso.

Quem nunca se sentiu numa cena descritiva de uma personagem? Chorou, sorriu, vibrou, amou com ela? Quem nunca sentiu sua vida emprestada pela pena do escritor e ficou com a sensação de que ele falava de si? Quem nunca imaginou situações inimaginadas, mas quando se imaginou, passou a existir, embora com muita dificuldade de traduzir em palavras. Quando encetadas sob forma dessa linguagem deixaram de ser uma condição possível para a real, as palavras eternizam as imagens

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O mundo vai acabar

No alvorecer do ano 1000 centenas de seitas afloraram no seio da Europa em virtude do suposto fim do mundo e do retorno de Cristo. Houve desespero e suicídios coletivos, pessoas se vestiram de branco e foram para os pontos mais altos de seus países esperando o retorno do Messias descendo com anjos e em nuvens de mil megatons. 

Antes, o declínio do esplendor grego e o aparecimento do império macedônio e, a decadência do império romano tempos depois, também foram vistos como prenúncios do fim dos tempos. 

O medo imperativo no período medieval colocava o fim do mundo como horizonte bem mais que a certeza da vida. A todo instante qualquer sinal: fome, peste, guerras, eram motes claros de que uma etapa estava a ser superada, o vindouro era a esperança.

Um dos motivos da derrocada azteca para os espanhóis era a mitologia do retorno de seus deuses vindos do mar. Quando os espanhóis apontaram suas caravelas, os aztecas os viram, mas não os enxergaram, vez que pela falta de referência visual acerca daquela imagem, não conseguiam perceber do que se tratava, pautados também na confiança da mitologia. Por alguns instantes eles confundiram seus algozes com seus deuses, ainda mais que as lendas falavam do fim de uma etapa.

Em todas as sociedades em maior ou menor grau, início e recomeço, finitude e eternidade, são pares antitéticos, aparentemente antitéticos. A ideia de finitude carrega em si potencialmente a pletora força do recomeço, da renovação.

A mitologia maia, que anunciava o fim do mundo para o dia 21 de dezembro de 2012, não teria tanta força fora de seu núcleo criador se a sociedade global, imersa em arquétipos de destruição e renovação, não contivesse em si elementos de crença de que possivelmente isso pode de fato se realizar. A questão é: fim de quê? Qual mundo? Por que tanta expectativa, anseio, curiosidade? 

A crença no fim do mundo naquele período estava carregada de potencialidades de seus contrários, ou seja, como nada aconteceu milhares de pessoas ensimesmadas bradaram a bravata maia, reafirmando suas convicções de que nada vai acabar posto que nada faz sentido.

Agora, como o mundo não se findou, muita coisa não mudará para aqueles que acreditam que um modelo civilizacional chegou ao seu limite e a adesão na crença do fim do mundo carreou, mobilizou pessoas ao redor do mundo, ainda que sem vínculos maiores com a mitologia maia, entretanto, por alguns instantes expectaram, visualizaram que algo de grandioso pudesse acontecer

A questão é: qual mundo vai acabar e para quem? Para aqueles que querem um mundo melhor, que não desistem da esperança, do amor, e sabem que a jornada em busca do self é longa, por isso projetaram no outro, no caso o restante da humanidade, as sombras de suas crenças e convicções, bem como seus medos. 

O dia 22 se levantou como outro qualquer, mas muita coisa mudou exatamente por nada ter acontecido. Fica a suspensão, a desconfiança de que um dia tudo isso, a terra irá se transformar. Isso está nos arquétipos humanos, carregamos plenipotencialmente conosco.

Na virada do milênio aconteceu a mesma coisa. Criou-se um alvoroço global, até a informática teve que ser reformatada. No ano 2000 não aconteceram tantos suicídios como no ano 1000, mas muita especulação foi gerada. O mundo não acabou, nem por isso desapareceu do horizonte a especulação em torno da mitologia maia sobre o dia 21 de dezembro de 2012.   
                     
A virada do milênio para o ano 2000, ainda que o século XXI só tenha começado no ano 2001, 2000 ainda pertencia ao século XX, foi objeto de 5 longas metragens em 5 países diferentes. A ideia era saber como a virada do milênio seria percebida em vários lugares. No Brasil, Daniela Thomas e Walter Salles filmaram O Primeiro Dia. 

Não sei se o dia 22 de dezembro de 2012 foi filmado, documentado, mas não será a primeira vez que alguém falará em fim dos tempos.



domingo, 16 de dezembro de 2012

Hoje

Por Veronica Coutinho




Desmembrei-me em fragmentos, 
deixe-os ser levados pelo vento. 
Voaram, lentos, bailando ao relento, 
como pássaros em movimento irregular.
Numa parte do infinito novamente se juntaram, livres, impregnados de ar, de água, de terra, de Lua, de Sol e de estrelas. 
Transformaram-se num pouco de cada. 
Tornei-me tudo. 
Virei adubo.

sábado, 15 de dezembro de 2012

O que é contemporâneo?

O que é contemporâneo? Essa é uma pergunta de difícil resposta, afinal, moderno/tradição, atual/arcaico, velho/novo, moderno/pós-moderno, compõem um glossário daquilo que pode arbitrariamente ser chamado de contemporâneo. 

O contemporâneo é uma experiência radical em que tudo pode ser encaixado. O permanente de hoje, a perpetuação de uma fantasmagoria recalcitrante como se o ontem, cada vez mais distante, fosse naturalizado. Então, quando o hoje não apresenta perspectivas futuras, o ontem é presentificado, colocado como uma perspectiva que, ainda que não atual, coloca-se como se fosse. 

O cinema, a literatura, as artes plásticas, a fotografia, a música, têm nos mostrado experiências do que é ser contemporâneo. Fazem-nos sentir sensações novas, completamente inéditas, ainda que tais experiências no plano da existência já tenham sido vividas. O que é novo e a percepção sobre elas é viver como se fossem ainda não-vividas. Isso é uma experiência contemporânea. Giorgio Agambem tem se debruçado sobre o que é contemporâneo, para ele, uma experiência do indelével.   

As imagens de massacres em escola dos Estados Unidos em que jovens são mortos num lugar simbólico como a escola é contemporâneo porque dessacraliza um lugar até então ilibado. As mães nos Estados Unidos precisam levar seus filhos às escolas, mas ficarão cada vez mais receosas. 

Gozar da sensação de ficar famoso da noite para o dia também é uma experiência contemporânea, ainda que a fama dure quinze minutos. Muitos dos assassinos dos massacres em escolas dos Estados Unidos, mesmo sabendo que seriam presos ou mortos, mataram pela fama. 

A proliferação de paparazzis, de revistas sobre a intimidade das pessoas, do sucesso do facebook são outros sintomas disso. A necessidade de exploração de um rosto anônimo é a própria dialogicidade da competição contemporânea. Em meio à dificuldade de ser diferente, de dizer algo num mundo cada vez mais exótico e ao mesmo tempo igual, é o fetiche que leva as pessoas a notabilizarem suas existências, ainda que a exposição seja cada vez mais efêmera. As pessoas se cansam cada vez mais do que é diferente e vão em busca de algo mais diferente ainda; na música, na comida, no cinema, na moda, nas viagens.

Por isso que consumir poesia é tão difícil. Para ler poesia é preciso condensação, tempo, e poucas pessoas se dão ao trabalho de se darem tempo; a vida é cada vez mais veloz.

Por isso também o sucesso de blogs, por exemplos; escrita rápida, meio cronista, meio jornalística, sem grandes textos. O blog é um fenômeno contemporâneo, o mp3 também, a internet móvel, tabletsipodsiphones

Ser contemporâneo é como estar numa estação de metrô hipermoderna. Se perder o próximo carro, trem, vem outro, mas você vai chegar atrasado, ainda que sejam apenas três minutos.               








Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

  Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zo...