sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Gilles Lipovetsky e a cultura-mundo

Já não é de hoje o anúncio da crise e do mal-estar moderno, exemplos de: Kark Marx, Nietzche, Heidegger, Benjamim, Horkheimer, Adorno, Marcuse, Michel Foucault, Guy Debord, Francoise Lyotard, Joseph Fontana, Fredric Jamesson, Eric Hobsbawn, Boaventura de Sousa Santos, Marilena Chauí, Zygmunt Bauman, Baudrillard, Eisenberg, Slavoj Zizek, Lipovetsky, Marc Augé, dentre outros.

Em linhas gerais, todos apontam a falência do mundo tido como civilizado, de um modelo civilizacional que prometia a equidade, a felicidade, a paz. Todos também apontam que essa falência é apenas em parte de fato uma falência. Qual falência?

A criação de uma sociedade desorientada – termo utilizado por Jean Lipovetsky e Jean Serroy –, é o espetáculo impávido do projeto moderno civilizatório ruindo, desmoronando com todas as suas bandeiras. De forma atônita, vê-se a criação de um webmundo, do cyberespaço, da indefinição entre tempo e espaço, da escala crescente da violência, de uma crise alimentar mundial estruturante, das crises econômicas, do afloramento do hipercapitalismo, do hiperindividualismo, da hipertecnicização, do hiperconsumismo .

No entanto, em meio a essa guerra civil molecular – termo utilizado por Einsenberg –, e mesmo nas crises capitalistas, existe no horizonte algum projeto de substituição de um capital globalizado por outro modelo mais racional de economia e vida social? Resposta: não.

Logo, a desorientação da sociedade é ao mesmo tempo o desdobramento de um modelo humanista falido, e a capacidade do capital de se adequar também a esta crise. O capitalismo foi um projeto moderno responsável pela modernidade, segundo Marx; para Weber, uma extensão deste projeto. 

A crise humanista não foi provocada pelo capital, mas o capital se beneficia da crise, afinal, em meio a uma confusão e à indefinição para onde se segue, continuam os processos crescentes de acumulação de riqueza, a desigualdade entre hemisférios; o Norte é rico, o Sul, com exceção da Nova Zelândia, Austrália, o resto ainda que apresenta sinais de crescimento, casos como os do Brasil e África do Sul, possuem grandes faixas de pobreza. 

Enquanto não houver melhorias significativas na distribuição da riqueza global, no problema de abastecimento de água, na melhoria das condições de vida global, no acesso à educação e à informação, na redefinição da concepção de política, não haverá segurança no mundo e a sociedade continuará desorientada, afinal, perdemos a identidade de quem nós somos, substituímo-la pelo referente do consumo. Somos espectro de nós mesmos, como diria Baudrillard, meros simulacros.      



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