sábado, 16 de março de 2024

Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

 

Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zoom por Patrícia Buarque de Holanda. Entrevista revisada por Davi Toledo. Gratidão à Aline  Pinheiro pela revisão gramatical e ortográfica.


TEMAS ABORDADOS

A) SOBRE OS RESULTADOS DA PRIMEIRA ENTREVISTA;

B) SOBRE OS EXILADOS DE CAPELA;

C) BLOQUEIO DOS CHAKRAS;

D) ALIMENTAÇÃO E O DESPERTAR ESPIRITUAL;

E) O SIGNIFICADO DO AUMENTO DAS EXPLOSÕES SOLARES;

F) SOBRE OS "3 DIAS DE ESCURIDÃO";

G) QUEM É O QUE É O ANTICRISTO?

H) SOBRE A GRANDE TRIBULAÇÃO

Entrevista nº 2

Início com uma oração do Pai Nosso, seguida de uma Ave Maria....

Com a graça de Deus e de Nossa Senhora, livra-nos de todos os males, neste vasto e belo mundo de provas e expiações. E hoje, nessa pequenina cúpula do Cristo, livrando-nos dos perigos, para o cumprimento da ordem, da lei e do amor do Criador. Pois, nessa construção vamos nos reconhecendo, tentando compreender esse estado escalonar, que nos impulsiona através do amor, graças a Deus.

Maior do que Deus, ninguém! Lá em cima quem manda é Deus, aqui embaixo quem reza sou eu. Em Cristo, tudo eu posso, tudo espero. Maria, Maria, Maria, iluminai a todos nós. Estrela guia iluminai a todos os enfermos e necessitados. Porque somos a ordem, a lei e o amor, porque somos Deus manifestado em todos nós, por isso somos o que somos, hoje e eternamente, graças a Deus.

(00:00:16) O “fio” está de volta, para ouvir as conversas deste pobre véio (risos).

_ “Voltei para ouvi-lo, novamente” ... Assim se dá o processo de aprendizagem, uns aprendendo com os outros, assim é a vida, se construindo e se reconstruindo constantemente. Se assim não fosse, qual seria o sentido da vida?  Erguer os olhos aos céus com saudade dos tempos idos, se lembrando dos tempos vividos, buscando renovar-se e se esforçando a recuperar aquilo que lhes foi tirado em um tempo, mas qual é a esperança? Ao de reencontrar o Criador, nesse pequeno multiverso.

O universo é por si só simbólico, portanto, não existe o acaso. Todo regresso é consequência de um aprendizado que permitem aos filhos a busca incessante ao Pai.

(00:09:36) A primeira pergunta é: O Senhor gostou do resultado da primeira entrevista?

Todo conhecimento quando é levado as massas tem diversos fatores: contrários, positivos e neutros. Às vezes faz sentido para uns e pode ser muito desafiador para outros. Mas, o importante compreender não é o resultado, porque o resultado ainda não veio, mas ainda chegará. Toda expectativa precisa ser silenciada, porque a mensagem ainda estar a caminhar, e não a passos largos, mas em passos firmes, todos são incitados a buscar respostas. Não se pode pensar no agora, mas nos segundos que antecedem as vossas existências futuras. Cada um tem suas sombras, seus desafios internos, suas potencialidades. Se disser que o futuro está a um segundo de vossa existência, talvez isso se torne mais complexo para a vossa consciência, mas, para aqueles que já estão despertos, isso é mais compreensível. Então, não crie expectativa de tudo o que está sendo verbalizado e manifestado. O importante é a busca do semear, porque as consequências virão, baterão as vossas portas, o semear não se faz somente no agora. Porque várias vezes se pensa muito no futuro, e o futuro não nos pertence, e sim, a ordem do universo, ao Criador. É pensar como os passos da formiguinha, um dia após o outro, no amanhecer, no entardecer e no anoitecer. Porque uns estão imersos somente nas questões espirituais, outros, voltados unicamente as questões mundanas, e ainda há aqueles que querem rasgar suas vestes carnais, mas não é isso que os torna mais espiritualizados. Quando quero eliminar uma sombra sem compreender, eu anulo aquilo que eu me propus a superar. É preciso trabalhar aquilo que somos. Quando se realiza um embate consciente, não colocando os instintos acima de tudo e de todos, mas compreendendo o nosso caminhar e aos poucos se iluminando. Isso sinaliza aquilo que eu sou existencialmente.

(00:00:15) Quem são os exilados de Capela?

Interessante, porque muitos irmãos que vieram não são oriundos de Capela, e sim, perpassaram por Capela. Ter perpassado em Capela não determina ser um exilado. Exilado é aquele que é direcionado de uma forma imposta. Muitos dos que perpassaram por Capela foram convidados à Terra. Vieram compartilhar muitos dos seus conhecimentos, estão aprendendo nessa passagem pela Terra, que por estarem presos aos seus passados, tentam descobrir suas origens e isso pouco importa. A vida se faz aqui e agora, só existe o presente. É preciso se desvencilhar das amarras do passado, não com a inteligência, mas se desvencilhar delas com os sentimentos sublimes. É preciso ter equilíbrio, não basta apenas ter intelecto. Sempre digo que existem dois tipos de intelectos: o que constrói e o que desconstrói. Qual é o que descontrói? Aquele que acredita ser supostamente o detentor de toda a verdade. E o que constrói? Aquele que serve de combustível para seguirmos viagem e nos desprendendo dos apegos. Para ascender é necessário se desvencilhar das amarras da vida, dos fardos e daquilo que supostamente se acha detentor. É preciso se reencontrar consigo mesmo, não daquilo que foi perdido, mas vivendo no presente aquilo que ressoa ao coração. O viver é agora. É preciso entender que vocês não são anjos e nem se tornarão. Anjos pertencem a uma outra hierarquia de seres evolutivos.

Exilado é um termo degradante de uma experiência. Ninguém está aqui como presidiário, num planeta prisão. Todos vivem suas experiências em busca de suas transformações e não encarcerado pela própria vida. Se olharmos em outra perspectiva, veremos que tudo faz sentido, compreenderemos de uma outra forma. Deus está em todos os lugares, dentro de nós, portanto, ninguém está aqui preso, estão se transformando, pelo menos deveria aproveitar cada instante, ser grato, amar, não persistir no erro. Mas, de fato, nessa existência existem limitações, por isso, não é possível o alcance a todas as respostas. Limitações são uma coisa, prisão, outra. Devemos compreender a magnanimidade do Criador espalhado por todo o universo e expandir a consciência. Quem está desperto não se sente encarcerado, preso à essa realidade. Quem está desperto encontra sentido em tudo o que vive, encontra respostas, mas não em sua totalidade. Aprisionamento é o sentir sabedor de tudo, conhecedor de tudo, isso sim é estar preso em um sepulcro caiado. A verdadeira beleza está nos valores que se adquire na própria experiência refletindo na verdadeira inteligência que é divina. Conhecimento sem ação é o verdadeiro aprisionamento limitante da alma. É preciso estender as mãos e dar aos irmãos o alimento do corpo, da alma, é preciso acolher. Estamos no mesmo rio da vida. Façamos disso a busca constante pelo supremo Pai Criador de todos nós.        

(00:30:00) Abertura do 3º olho   

Para muitas pessoas existe uma abertura do 3º olho, mas há uma desconexão entre o inconsciente e o consciente. Isso se dá porque esse processo de abertura acontece de forma lenta e gradativa. Além do mais, em muitos casos o aprisionamento ao passado é um impeditivo, porque nem todos estão preparados para acessar certas informações. E quando isso acontece, ao invés de se avançar, fica-se impossibilitado de seguir viagem. Quem tem o 3º olho aberto desenvolve muitas habilidades, estão imersos em processos profundos do seu eu, que muitas vezes pode gerar dois fatores: um danoso e outro benéfico. O danoso é um desequilibro da psique, gerando fragmentações do eu podendo gerar delírios insustentáveis ou, se conseguir estabelecer um certo equilibro se torna um canal da vida. Qual é a funcionalidade espiritual da abertura do 3º olho? Clarividência? E o que acontece quando se abre o 3º olho? Será que vocês estão preparados de fato para ver o que os arrodeiam? O que de fato acontece no mundo espiritual? Saberão discernir as informações? De onde estão vindo e com que intenções? Se não conseguem responder essas perguntas, então, não há ainda a necessidade de abertura. É preciso ter muito cuidado, porque em muitos casos a tentativa de abertura do 3º olho é provocado por entidades de baixa vibração, enganosas, danosas, com intenções escusas para confundi-los. É extremamente excitante, porém, perigoso, alguém se colocar no lugar de ser portador da verdade, de ter conexões com outras realidades, de “saber de tudo”, de se mostrar muito “espiritualizado”, alimentando o ego espiritual vaidoso. Existe sim uma forma fidedigna, racional e até emocional de promover o despertar. Mas, infelizmente, nem todos estão preparados - ‘muitos são chamados, mas poucos são escolhidos’. Por isso, digo: não queiram ver o mundo espiritual se não estiverem minimamente preparados para isso. Tomem cuidado com aquilo que desejam e cuidem daquilo que possuem e podem. Isso não quer dizer que não possam buscar, só estou alertando para os perigos. Porque vocês verão coisas perigosas, situações conflitantes ao vosso ego e ao vosso orgulho. Enxergar realidades contundentes pode trazer dor e sofrimento. É preciso crescer e se conectar com responsabilidade, equilíbrio e consciência. Qual seria então a forma fidedigna? A palavra-chave seria supraconsciência, porque ela dá sustentação e alicerce. E digo mais, o andar de cima (meramente simbólica, já que a questão não é espacial e sim dimensional) se chama uno-consciência com o criador, um aspecto de difícil compreensão a partir da lógica tridimensional. Isso exige um caráter de construção e desconstrução dos conteúdos absorvidos diariamente nos corpos espirituais refletidos no todo. Entender o agora depende muito do grau em que a pessoa se encontra: nível primário, secundário ou terciário da consciência.

Não queiram somente através das práticas meditativas atingir o conhecimento, sem o esforço devido, no sentido real da aprendizagem, porque não é; mas, esse esforço precisa estar alicerçado no conhecimento experiencial de troca. É preciso esforço, não apenas vontade para um amadurecimento consciencial, ancoramento. Não pensem vocês que estão fazendo muito ou pouco em relação ao que se comprometeram antes do encarnar. Lembrem-se, esse momento é crucial e determinante na humanidade e há muito o que fazer. Não estou dizendo que o conhecimento não é necessário, muito pelo contrário, mas, quantas civilizações se perderam, se consumiram porque se afastaram de suas essências e de sua espiritualidade por conta do conhecimento?  Eu pergunto: o conhecimento é tão glorioso assim? Ele é tão importante nesse sentido? Talvez para uns, mas para a grande maioria, não. Talvez não seja nem o conhecimento a questão na origem do erro, mas a ineficiência da compreensão. O mundo tridimensional, o mundo astralino, é apenas um amontoado de múltiplas realidades que os cegam, os limitam, impedindo-os realmente de vivenciar o real sentido de tudo. É preciso entender que o esforço é necessário a cada instante. Porque quando há esforço dessa reconexão, há o desprendimento das irrealidades, aí se atinge o merecimento. Não há merecimento sem esforço, e o merecimento é seguir viagem rumo a elevação constante, atingindo e alcançando novos estados dimensionais, desdobrando-se nos universos e multiversos, compreendendo a magnitude divina em suas mais várias moradas. É preciso entender que todas às vezes que se vive num orbe ‘planeta’, isso fica registrado, alojado, não no DNA, mas uma estrutura etérica. Como funciona isso? Quando há um alinhamento, uma conjunção entre as glândulas hipófise e epífise, alojadas no cérebro, então, molda-se um registro originando a iluminação, a clarividência, as lembranças do que se viveu, e isso torna-se ainda limitante para grande massa humanitária. Quando se atinge de fato a iluminação, essas duas glândulas formam uma conjunção mais incisiva, atingindo-se outros níveis, as dimensões começam de fato a serem entendidas, compreendidas, formando o GNA. O GNA é resultado, consequência dessa conjunção das duas glândulas. Claro que o GNA afeta o DNA, mas é por isso que os vossos corpos ainda não foram transformados. A ligação dos filamentos do DNA, toda modificação na base molecular, se dará após o processo de iluminação, ou seja, a alteração genética é a consequência, e não origem da iluminação. Quem recebe os fótons de luz do sol central? Todo o corpo, mas se não houver uma modificação na estrutura do pensamento, na forma de sentir, no ressoar, não fará muito sentido vibracional, porque quando essas duas glândulas a partir de um trabalho interno de mudança, reforma, amor, compaixão, elas começam a modificar o DNA, então, etereamente se forma-se o GNA, que permite uma estruturação na base espiritual, revisando todo o processo de aprendizado, abrindo novas percepções, fazendo com que a alma resplandeça sua configuração, mude, vibre em uma nova frequência, redimensionando os corpos sutis e dimensionais. Todos os aspectos regenerativos se intensificarão, permitindo desbloqueios das estruturas subatômicas e dos modelos de vida vividos até então.

(00:36:17) Por que muitas pessoas estão com seus chakras bloqueados, sobretudo o 4º e o 5º?

Isso é verdade. Esses chakras estão relacionados ao despertar da consciência. Não se desperta de uma forma abrupta, isso não é libertador. Não adianta apenas desejar o despertar, é preciso vivenciá-lo. Os filhos fazem pequenas leituras, vivem pequenas experiências, pequenas aventuras e acham que estão libertos para vivenciar o estado sublime. É limitador para muitos atingir um estágio sublime. Esses chakras estão bloqueados porque eles fazem parte da programação, das limitações impostas (estado de controle e dominação). É preciso uma renovação, um refazimento das grandezas humanas (amor, perdão, fé, vontade), ligadas a esses chakras. São necessárias limpezas através da mente e do coração, e isso distingue a chamada separação entre o “joio” e o trigo, o bem e o mal nessa realidade. Perceba seus desejos e vejam como os desejos estão ligados a questões instintivas, aos vícios, as drogadições, as programações mentais, aos padrões de repetições, vejam como as massas são controladas pela ordem que dominam o planeta. Vocês se sentem escravos de si mesmos e do mundo e é preciso se desvencilhar de tudo isso.

(00:40:00) Sobre a questão da alimentação

Existem os 4 níveis de éteres que se ligam ao corpo físico. Esses elementos demonstram de fato como as pessoas estão e o que estão vivendo. Um desses éteres é o químico. Ele se manifesta através do processo de excreção e absorção. Percebo estágios de desequilíbrio nesse éter ligado não apenas ao estômago, mas ao fígado também. O que o corpo manifesta, desequilibrando primeiramente ao nível energético, emocional e espiritual. Todo desequilíbrio que o corpo manifesta primeiramente acontece no plano mental e em muitos casos existe um aprisionamento visceral (culpa, mágoa, rancor, ódio, apego, frustração, tristeza), além das questões alimentícias determinadas pelas programações presentes no que se come e ingere, gerando desequilíbrio na flora intestinal, porta de entrada para fungos, bactérias, larvas, causando transtornos ao intestino, fígado e baço, baixando a imunidade e dando vazão em alguns casos a processos obsessivos. Querem despertar espiritualmente, mas não deixam de comer carne. Não estou dizendo que vocês se tornem vegetarianos, longe de mim, mas o consumo da carne gera um processo necrófobo com repercussões energéticas degradantes, gerando uma podridão na sistemática digestiva, abrindo espaço para disfunções hepáticas, causando flagelo em todo o organismo, inflamações e ligações espirituais negativas. Aqueles que querem despertar precisam mudar muitas coisas, sobretudo as programações alimentares. Além das carnes, deve-se evitar comidas processadas, enlatadas, industrializadas, muito condimentadas, embutidas. Todos esses alimentos são invasivos, danificando o corpo, os éteres e consequentemente bloqueia o espírito.

(00:47:36) Qual o significado do aumento das explosões solares e os seus efeitos?

As explosões solares são fatores que afetam todo o sistema solar e não apenas o planeta Terra. Isso é uma manifestação do Pai Criador, não é algo danoso ou destruidor como alguns estão interpretando. Todo estado dimensional está alicerçado em subdivisões e todas as explosões solares quando se intensificam, propiciam reformulações a nível quântico. Essas explosões estão ligadas à transição planetária, a estrutura mental, mineral, vegetal, biológica, o pensamento, as emoções, as sensações estão muito arraigadas nesse planeta há muito tempo, sedimentadas. Os raios solares possibilitam renovações, alterações as bases de carbono, inclusive no DNA Humano.

(00:50:46) Sobre os 3 dias de escuridão

Cada um tem uma forma muito particular de interpretação. Os fatores simbólicos e interpretativos por si só são indicativos. Os 3 dias são fases, determinações divinas para que haja o cumprimento da ordem e da Lei na linha do progresso e evolução humana. E se esse evento for mais para os seres que estão em zonas mais difíceis do que para o resto da humanidade, embora atinja a todos? E se vocês foram apenas coadjuvantes e não protagonistas desse processo? Sabe, percebo uma questão muito egóica, repressora aos eventos, geram formas de coibir e retardar o vosso despertar através do medo. Quem se acha o dono da verdade se coloca na condição de intérprete do que vai acontecer, exerce o poder de ser o decifrador e se sentir especial portador de uma verdade inquestionável. Primeiro lugar, vocês não são o centro de tudo o que está ocorrendo no mundo, no sistema solar, no universo.  Ao dizer isso pode gerar uma certa instabilidade, porque vocês acham que tudo gira em torno da humanidade, mas não é assim. Esses 3 dias são fatores da Transição Planetária. É mais um elemento disruptivo, como outros que estão ocorrendo simultaneamente, como as explosões solares. Vocês estão imersos na fase transicional e esse evento é mais um processo natural que ocorre em toda e qualquer transição, não é exclusiva da Terra, e proporcionará um afastamento, um distanciamento dimensional, que não é uma questão somente física, mas da própria consciência universal. Existe uma cadeia de eventos dimensionais. Vocês estão na 5ª, 4ª ou 3ª dimensão? – “3ª, respondi”.  E o que determina alguém estar na 3ª, 4ª, 5ª ou 6ª dimensão? É a inteligência? Conhecimento? É o desprendimento. Eu acho interessante quando vocês consideram alguém “ignorante”. Ignorante não é o que não sabe das informações, apenas não possuem entendimento, ele está no seu processo e ainda não teve oportunidades. Diferentemente daquele que entra em contato com o conhecimento, e ao vivenciar, não muda seus padrões mesmo tendo conhecimento. Então, esses 3 dias de escuridão será um evento aberto e cada um irá interpretar a partir de sua perspectiva dimensional. Quem estiver na 3ª dimensão enxergará única e tão somente caos, só perceberá dor e sofrimento. Quem estiver na 4ª, a abertura do mundo espiritual possibilitará estender as mãos para quem estiver sofrendo, e quem estiver na 5ª, além da abertura do mundo espiritual, terá a compreensão de como as dimensões se sobrepõem, coexistem, verá e entenderá o sentido do Cristo da redenção, da mudança, do fim de um ciclo e nascimento de outro. Deixará de ver e as provações como expurgo e enxergará enquanto transformação.

Nem todos estão preparados para isso, nem tudo pode ser dito, nem tudo pode ser lançado ao tempo e ao vento. O que estou dizendo aqui não é toda a verdade, porque cada dimensão possui subdimensões e em cada uma tem um nível de entendimento, de interpretações variadas, às vezes conflituosas. Porque cada um dentro de sua realidade, do seu contexto, de sua conduta, de seus interesses e dilemas.  

Uns dirão que serão 3 dias de escuridão, que entidades umbralinas aparecerão e levarão para zonas de sofrimento, outros dirão que o planeta Hercólubus, para alguns, Nibiru, através do seu campo gravitacional levará a população carregando as almas para planetas de mais baixa dimensão, levando consigo animais selvagens. O que isso significa? Que são meras interpretações. Cada um vai vivenciar de sua forma. Ai, eu pergunto: qual a interpretação verdadeira? Qual dessas é realmente o real sentido divino? Todas, porque no mundo dimensional tridimensional é possível vivenciar todas elas a partir de como se enxerga, se sente o mundo. Por isso as discussões, conflitos e disputas. Independentemente das interpretações o importante é não persistir no erro, independentemente das interpretações o que está de fato em jogo são as transformações. O que está em jogo é despir-se das crenças, dos dogmas religiosos, para aqueles que estão preparados de fato para isso, para um processo de entendimento mais profundo, seguindo sua viagem, porque Cristo está para todos em seu exercício de amar a Deus e uns aos outros, eis aí o grande mandamento.

Por isso, tão pouco importa as vossas origens, de onde vieram, o que de fato importa é o que estão fazendo nesta existência. Se vocês estão encarnados aqui e agora, saibam que há coisas a serem reparadas. O que vocês sentem? Quais são as vossas dores na partida de um ente querido? A falta de conhecimento? Ou, as limitações se fazem em outros níveis? Estão dispostos a compreender os irmãos? A olhar para eles? Em cada situação vivida existe um fator de libertação, para além das perguntas e respostas. Quando se lê um livro, ali contém uma realidade dimensional com seus sentidos, mas quando se busca muito sentido de tudo, perde-se o sentido da busca. Por isso, é preciso olhar para si em busca desse sentido, onde se encontra todo o traçado da vida, todas as limitações e incompreensões. Quando se faz o processo de reconexão consigo mesmo, percebe-se como tudo está interligado, tudo faz sentido, nada está solto, desconexo e perdido. Quando todos os elementos estão unidos, percebe-se a dimensão do viver em Cristo realmente. Nunca se esqueçam: Cristo está por todos nós. Não existe expurgo, e sim, transformação. É preciso se transformar. Nós somos uma pequena esfera de luz ligada ao Pai Celeste.

(00: 58:48) Quem é ou o que é o anticristo?     

O anticristo é uma bandeira hasteada predeterminada e que perpassa eras e eras de forças contrárias ao Cristo com um único propósito de, não somente levá-los ao erro, mas aprisioná-los em vontades e desejos, como, por exemplo, o domínio dos chakras inferiores (do raiz, 1º ao 3º), como uma programação de entidades regressivas e do governo oculto, tudo no sentido de impedir a redenção, afastar de Deus. Veja, chakras inferiores, ligados as necessidades materiais, as questões de sobrevivência, desejos; chakras superiores, a partir do 4º (plexo solar), ligados aos sentimentos, amor. Quando alguém induz o outro ao erro é um sintoma da obscuridade, preso as suas características. O anticristo é uma programação orquestrada por seres que estão em zonas sombrias, mais densas, com diversos instrumentos e mecanismos com o intuito de não permitir o acesso à luz divina.

(01:01:25) Já começou a grande tribulação?

Depende do que vocês interpretam com a grande tribulação, mas, para usar um termo de vocês, posso assegurar que o caldo vai entornar. Esse processo durará por um tempo, até a década de 40 deste século. Tribulação é limpeza e há muito o que ser limpo e transmutado. O ponto determinante será a fome, a escassez de modo geral. É claro que como toda profecia ela pode ser atenuada, reduzida, aumentada, isso depende do aprendizado da humanidade. Se aprenderam e mudarem seus caminhos, não há necessidade de prolongamento do aprendizado. E novamente, isso não é punitivo, é pedagógico. Olha o que fizeram com o planeta? Como vão parar essa sanha predatória e devastadora? Claro que nem todos sentirão da mesma forma. Quanto mais preso à 3ª dimensão, mais egoístas, insensíveis, piores os efeitos. O que determina o nível de sofrimento é o apego, a baixa vibração, a falta de vínculo e nexo ao próximo. Haverá desencarne coletivo, as chamadas reparações. Eu não digo isso para assustá-los, nem para causar medo ou pânico, baixando as vossas vibrações, mas explicando que isso está dentro do processo transicional, é necessário, pois nem todos ressoaram com as novas frequências advindas do sol central de Alcyon, a fonte crística. Isso não é nenhuma punição, muito pelo contrário. Se não for assim, vocês não serão transladados (“arrebatados”) para outras orbes. Isso de fato já ocorre, nunca deixou de acontecer, sempre irá ocorrer, porque é um dinamismo divino.

Maior do que Deus, ninguém! Lá em cima quem manda é Deus, aqui embaixo quem reza sou eu. Em Cristo Jesus tudo eu posso, tudo espero. Maria, iluminai a todo nós.  

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O PRIMEIRO PEDAÇO

 


Olhos fitos nele.

Aquela cantiga que muitos pais não gostam de ouvir, sobretudo em se tratando do aniversário da filha adolescente completando 16 anos: “com quem será, com quem será que Lucía vai casar? Vai depender, vai depender se o Pedro vai querer”, acompanhado de sorrisos e sátiras de amigos e parentes ao perceberem meu rosto tenso, disfarçado de despojamento e languidez.

Minha filha começa o discurso.

Direciona- se à mãe.

Ufa! Que alívio, pensei eu.

Não será para aquele garoto de olhos verdes por quem ela está apaixonada, o primeiro pedaço pode ser para a mãe, a irmã Milene, ou sua grande amiga Duda, que veio de Cuiabá, exclusivamente, para sua festa de aniversário.

Mas para ele, definitivamente, não! Dizia eu entredentes.

Com lágrimas nos olhos e voz embargada, Lucía volta- se para mim e entrega o primeiro pedaço, lágrimas descem do meu rosto, realmente não esperava. Todos me olham, querem me ouvir.

Encho o peito de ar, paro por uns instantes e olho para todos, inclusive para a mãe de Pedro que acabara de conhecer, e grito: Pedro!

Levei as duas mãos até as orelhas e fiz uma grande careta. Gargalhadas mil. 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Entrevista com Arton, de Sirius. Parte I

 

ENTREVISTA COM ARTON, DE SIRIUS, POR INTERMÉDIO DO ESPÍRITO IRMÃO BENEDITO, TRANSMITIDA PELO MÉDIUM DAVI TOLEDO

 

À GUISA DE EXPLICAÇÃO METODOLÓGICA

 

No dia 14 de janeiro de 2024, nas dependências da casa do Médium Davi Toledo, realizou-se a 1.ª de uma série de entrevistas com Arton, que se autodenominou de origem siriana, da estrela Sirius. Toda ela foi mediada pelo irmão Benedito, um preto velho, pelas razões que explanarei agora. Segundo o médium Davi Toledo, em conversa pós entrevista, o contato com o irmão Benedito se deu anos atrás. Para Arton, a conexão com Davi Toledo, via irmão Benedito, está relacionada as diferenças vibracionais de Sirius, em 9.ª dimensão e a Terra, em 3.ª, ou seja, o processo de conexão é muito sutil, seres de outras dimensões mais elevadas precisam baixar sua frequência para uma conexão mais direta. O segundo motivo deu-se em virtude das histórias entrelaçadas entre o irmão Benedito e o médium Davi Toledo, remonta ao século XVII, aproximadamente em 1641,  no atual Estado de Pernambuco. Por fim, a visão do médium, as percepções, dentre outros fatores. Se à época do contato tivesse se dirigido a ele enquanto um ser de Sirius, toda comunicação não aconteceria de uma forma clara em sua consciência. Isso é muito recorrente em várias experiências mediúnicas, espirituais, transcendentais, etc. Por isso, existem classificações entre as comunicações mediúnicas: canalizações, intuições, clarividência, Psicofonia, irradiação, dentre outros fatores.

A entrevista ao todo durou 1’: 27”: 43h, gravada em um aparelho Motorola one zoom por Patrícia Buarque de Holanda. A transcrição literal possui 26 laudas; a editada, esta apresentada, apenas 11 laudas. A gravação foi ouvida 4 vezes e as partes inaudíveis foram suprimidas. Toda a parte que se relacionava à história do entrevistado foi suprimida, retirada, porque não interessa, não diz respeito ao objetivo da entrevista, se tratava de questões subjetivas.  

Adotei a metodologia da história oral com intervenções entre a fala e a transcrição, não apenas com perguntas, mas como modificações pontuais na entrevista para facilitar o entendimento do leitor em certas questões. No entanto, o sentido irrestrito da entrevista foi mantido. Além disso, optei pela revisão gramatical feita por Aline Pinheiro, minha imensa gratidão. Por fim, toda a entrevista editada foi enviada ao médium Davi Toledo para autorização ou não de sua publicação.

A entrevista foi dividida em blocos temáticos, a saber:

 

01: MISSÃO DE ALMA;

02: SOBRE O CAOS NO MUNDO;

03: SOBRE A RODA DE SAMSARA, REENCARNAÇÕES;

04: PLANOS DA CONSCIÊNCIA E PREOCUPAÇÕES

05: EXPANSÃO DA SUPRACONSCIÊNCIA;

06: RECONEXÕES E FILAMENTOS DO DNA;

07: TRÊS FASES DO DESPERTAR;

08: DESPERTAR O OUTRO;

09: AS LIGAÇÕES INTERESTELARES E A VOLTA DO CRISTO;

10: AGRADECIMENTO AO CRIADOR;

ADVERTÊNCIA

Essa entrevista não se pretende ser a verdade absoluta do transcorrer espiritual. O próprio Arton deixou claro: - “Sou apenas um viajante das estrelas”. A cada um compete tirar suas próprias conclusões a partir do que acredita, pensa, segue, busca. Se ressoar com os corações e trouxer algum benefício, terá cumprido sua função.

Qual foi o critério de validade e atestação que me levou a publicar a entrevista? As informações precisas sobre minha pessoa que somente eu sabia, bem como de minhas reencarnações (que eu já sabia por outros meios), que não foram publicizadas por se tratar de minha trajetória pessoal. Essa entrevista foi apenas a terceira vez que tive contato com médium Davi Toledo e por não ter acesso absolutamente em nada da minha vida pessoal.

ENTREVISTA

PARTE 1

Primeiramente, quero agradecer a presença dos irmãos que estão aqui conosco. Eu sempre digo: é vital estar na presença do Cristo, na egrégora do nosso Criador, que nos dá gozo e vigora nossa alma e que nos dá forças nesse mundo de provas e expiações. Graças a Deus! Que o Cristo nos fortaleça nessa jornada da vida e que todos recebam a graça!

Que os filhos consigam primeiro absorver as informações, acionando ao espírito, deixando de lado o alvoroço e retrabalhar-se, naquilo que vocês entendem por “sabedoria” como um exercício dialogado que compõe a atmosfera, entendendo as complexidades, mas, sobretudo, as simplicidades das coisas de uma forma sincera que alcance os corações, e isso é o mais importante. Porque vejo que existem irmãos com o intelecto muito elevado, mas que não alcançam a compreensão espiritual. É preciso uma mescla entre o estado emocional e o racional. Há um embate que não diz respeito às culturas, que se trata de uma linguagem sutil, que não é o latim, e sim mais profunda, a linguagem própria do universo, e isso é mais importante. Saber alcançar isso, mesmo que seja de forma subliminar. Forma essa que atinja o espírito, não apenas a consciência terrena. Então, há uma grande faceta desse processo, porque são camadas, e é preciso um certo esforço dentro da chamada “sapiência”, internalizando-a. Esse alcance precisa ser dimensional, porque aquele que não está desperto será levado a semear em outras consciências, e, por conseguinte, levado a outros sistemas, de forma gradativa e até mesmo passional.

(00:06:57) Pergunta: O que é uma missão de alma?

Existe esse estigma acerca do que seja uma missão de alma. Eu não vejo como missão, eu vejo como tarefeiros do Cristo, porque a palavra “missão” traz uma complexidade muito extensa, uma responsabilidade além das fronteiras conhecidas, traz a ideia de que se quer abraçar tudo e a todos ao mesmo tempo. O que é preciso entender que existe uma “rede”, uma conexão entre todos nós. Todos são chamados para a composição da Ordem, da Lei e do Amor, e assim, não se trata bem de uma missão, mas de pequenas tarefas. Até porque a “missão” se estende não apenas a essa existência, mas em outras simultaneamente. Um exemplo disso diz respeito às questões religiosas como um veículo de propagação das massas querendo abraçar a todos. Se as pessoas puderem se sentir parte de um todo, se puderem alcançar uma única pessoa, um filho querido, enquanto irmãos celestes, já cumpriu sua tarefa, pois, despertou e possibilitou ao outro o despertar de alma. Agora, se as pessoas quiserem ou se acham missionários, tudo bem.

As “missões” não são apenas deste plano, se desdobram continuamente em vários orbes. Os filhos estão constantemente em busca de vossas origens, querem entender por que estão aqui, uma espécie de busca incessante. Esse filho que serviu de intermédio para essa canalização, por exemplo, é de origem draconiana, e agora está aqui nesse plano em sua nova faceta. Eu, por exemplo, sou siriano, dessa forma há uma conjunção entre as consciências, porque existe uma mescla, ramificações de um processo de miscigenação, porque existem fatores significativos como os filamentos do DNA que foram desligados. Nesse ano que passou, em 16 dezembro de 2023, se iniciou um processo de reajuste em que todos os núcleos dessa malha que nos prende, está se renovando e se tornando cada vez mais sutil, por conta do aumento da energia do Cristo, da consciência Crística. Por exemplo, muitos acessam informações apenas desse plano, quando, na verdade por conta do estigma, da cultura, do preconceito, das perseguições, também recebem informações de outros planos dimensionais, transvestidos de uma roupagem terrena, porque o médium também criva as informações, processa, elabora e reelabora e dá uma conotação, uma roupagem arquetípica a partir de suas percepções e tomadas de decisões. Muitos médiuns acabam assumindo determinadas posturas, até porque em certos aspectos foca-se muito a questão da “reforma”, como se a reforma se desse apenas no plano da matéria. Existe muita desinformação sobre o que acontece no plano espiritual sobre os corpos sutis, sobre as transmissões, canalizações, mensagens, visões, profecias, psicofonia, etc. Os espíritos de luz estão encarregados em transmitir as informações. Se o médium, espiritualista, religioso, o que quer que seja, está convencido de que a mensagem veio de tal plano, espírito, entidade, essa percepção é respeitada. Mas, há diferença entre o estado emocional, sensações, razão, ego espiritual, dentre outros fatores. Estar somente na emoção não basta, é preciso sentir o sentimento que está acima das emoções.

(00:12: 14) Sobre o “caos no mundo”.

Por conta dessa Transição Planetária, muitos estão em busca de uma nova roupagem e por vezes distorcem as comunicações, por isso, esse suposto caos que está acontecendo no mundo. Nem tudo aquilo que é caos de fato é, há o elemento divino em todas as mudanças que é o aprendizado. Não precisaria ser assim, mas as pessoas, muitas delas, só despertam quando algo muito impactante acontece. Muitas das vezes um caos não faz sentido aos nossos olhos. Para os que estão despertos o “caos” tem outra perspectiva, outra angulatura. A ideia do caos é fazer com que as pessoas despertem de seu estado de incapacidade de reconhecimento consciencial, é necessário haver movimentações para isso. As movimentações são para que os filhos sintam a vida de uma forma totalmente plena, assim se internaliza a real busca. A terceira dimensão que os filhos estão imersos e vivendo agora, período de provas e expiações, é a dimensão da densidade, onde tudo é mais difícil, dual, tudo é encarado por partes, não pelo todo, é o reino do egoísmo, do materialismo, do ódio, das vinganças, das guerras, fome, das reencarnações compulsórias, da morte por doenças, da brevidade da existência corporal. Nas dimensões acima muitas coisas não existem. As dimensões correspondem aos graus evolutivos que os irmãos se encontram. O “caos” também está diretamente relacionado com o inconsciente coletivo. Se as pessoas mudassem seus pensamentos e formas de viver e sentir a vida, se reconectassem com o Cristo tudo mudaria, mas a persistência em permanecer num estado vibratório denso afeta a magnosfera da Terra.

(00:13:16) Sobre a roda de Samsara, reencarnações.

Essa é uma pergunta muito profunda. Essa questão que vocês chamam de Roda de Samsara, esse ciclo vicioso de reconstituição, de reconhecer-se, de se buscar sempre ancorado. A pessoa que está fora da roda de Samsara é aquela que tem condições de reconhecer as suas personalidades. As pessoas conhecem suas personalidades? E, quando eu falo de personalidades, estou me referindo às vossas existências. O que existe são dobras consciências, que os trazem até presente momento. As pessoas não são seres individualizados, nunca foram. A capacidade de personificação é para que haja um pequeno registro, uma pequena movimentação de algumas partículas para que isso reverbere em outras trajetórias, porque enquanto se está aqui existem outros tarefeiros de nós existindo paralelamente em outras dimensões. A dobra consciencial significa a capacidade de sobreposição de consciências em infinitas personas. Por exemplo, aquilo que uma pessoa revive na Atlântida. As pessoas não são só o que eles pensam ser, são um conglomerado de consciências que se sintonizam levando-os a se reconhecer em outras existências. Não necessariamente nessa alma que a vossa existência está ancorada, mas ela abrange outros níveis evolutivos. Uma pessoa pode estar aqui, mas parte da sua consciência pode estar alicerçada em outro orbe. Eu sei que é difícil compreender, tudo o que está registrado no subconsciente está também alicerçado na supraconsciência. E, quando se está na supraconsciência, as pessoas não são apenas uma, mais várias. Essa dobra consciencial, essa sobreposição de consciência vai se intensificando, porque vai se adquirindo composições, ganhando amplitude, não como apego, mas enquanto expansão crística. Por exemplo, aquilo que uma pessoa vivenciou na Atlântida não é a mesma consciência do agora, e sim, uma sobreposição, conectada ao inconsciente e também ao subconsciente que traz uma reflexão para esse momento agora. Assim também como uma pessoa pode alicerçar um momento vivido no período da Lemúria (civilização existente antes da Atlântida que estava na 5.ª dimensão antes do descenso da Terra). Essas dobras consciências dão condições e, sobretudo, capacidades intelectuais de reconhecer-se. Mas, não é fácil, é preciso aprumar, alinhar-se. É preciso que haja uma clareza dessas consciências para que não fiquem, como eu diria, desgarradas. Por que é preciso isso? Porque enquanto se fica preso na zona do subconsciente, ela fica se abastecendo do nível consciencial a uma situação, a uma circunstância, mesmo que não se lembre, e assim, fica-se amarrado, não se atinge a supraconsciência, que é o estágio onde se alcança a fonte, também compreendida enquanto Deus. Por que é preciso saber disso? Para se preparar para as revelações que virão, senão, quando forem reveladas haverá um choque, uma ruptura nas consciências, muita dor, sofrimento e revolta.

(00:22:48) Pergunta: É preciso desgarrar-se dessa consciência que em algum nível nos leva a certas circunstâncias, situações que nos aprisionam a um passado, então, certas preocupações são em vão?

As preocupações são coisas pequenas, porque elas não agregam muita coisa, elas não levam ao chamado despertar da consciência, muito pelo contrário, nos afastam do despertar. As situações que nos levam as preocupações são como uma espécie de pontilhado de uma roupagem, mas sinalizam como nossa estrutura emocional e pensamentos funcionam.

(00:24:11) O que é a expansão da supraconsciência?

Ela não se dá apenas pelo intelecto. Viver no intelecto é estar preso num looping incessante, revendo cenas e situações, impedindo que outros canais acessem as consciências, dificultando a comunicação, entendimento e até as mensagens. Esse estado somente do intelecto não permite, estaciona a ligação entre a consciência e a supraconsciência para que o subconsciente dê as condições hábeis ao nível cognitivo para uma sustentação dessas informações. É preciso uma coerência, uma ligação entre razão e os valores entre o que está dentro e o que está “fora” de nós. O termo que me ocorre agora é “transdução” ao nível consciencial. Para se atingir a supraconsciência é preciso se desconectar de um passado que carrega dor e culpa. É preciso se alicerçar naquilo que renova o espírito. Supraconsciência é alcançar a concepção de quem somos na originalidade, para além da ilusão terrena e da consciência tridimensional.

(00:26:47) É por isso então que ainda não foi feita a reconexão dos filamentos de nosso DNA?

Exato. Os filamentos de nosso DNA estão conectados ao estado de consciência e supraconsciência. Por exemplo, quando não há o reconhecimento das personas, dificulta o acesso à 5.ª dimensão (dimensão em que o maniqueísmo, a dualidade desaparece, primeira fora da zona de provas e expiações, da regeneração). Eu explico. As personas estão atreladas às 3.ª e 4.ª dimensões de forma danosa. A 3.ª dimensão está atrelada a essa existência somente. Para ir para a 5.ª dimensão é necessária uma quebra dessa malha, porque a consciência da 3.ª e 4.ª dimensão estão entrelaçadas nos eventos que hoje acontecem na superfície da Terra, o chamado “caos”, como terremotos, tsunamis, vulcões, secas, enchentes, etc. Os eventos são uma espécie de desmagnetização, eles acionam quebras de memórias coletivas, memórias energéticas presas à Terra. E isso não tem nada de aversivo, danoso ou mesmo ação de um criador punitivo e se faz necessário que eventos ocorram com mais intensidade em certas regiões devido as densidades de tal lugar. Esses eventos são catalisadores, propulsionadores para novos cenários. Por exemplo, a queda da Atlântida está relacionada a isso. Naquele período vivia-se a 3.ª, 4.ª e 5.ª dimensão paralelamente, havia correlações dimensionais. Quando a vibração, o estado moral, a degeneração tomaram conta daquela civilização, isso originou o seu declínio que culminou no grande terremoto que deu origem ao grande tsunami afundando as ilhas. Muitos irmãos sentem saudades da 5.ª dimensão vivida na época da Atlântida, ainda que não se lembrem conscientemente disso e muitos carregam a culpa pela queda da Atlântida prendendo-se a roda de Samsara até os dias atuais.

(00:30:24) Eu li que existem três fases do despertar da consciência: o despertar, a ascensão em si e a iluminação. Confere?

Isso é um processo. O despertar está para todos os irmãos, mas agora poucos se encontram nessa fase vibracional, poucos estão despertos. O despertar está alicerçado em várias estruturas. Primeiramente, é preciso entender que despertar não depende apenas de conhecimento de livros, mas conhecimento da vida sustentado por vários entendimentos. Outra questão: o restabelecimento emocional é um fator libertador da atmosfera mais densa, para que se construa aos poucos esses estados mais puros. Por quê? Porque existem faixas, zonas dimensionais densas. Tudo é múltiplo, como já disse, não existe apenas uma consciência, mas existem várias consciências, então, o estado emocional interfere significativamente no processo. Os distúrbios emocionais interferem negativamente nas chamadas identidades experienciais. Por isso, muitos não conseguem acessar a 5.ª dimensão, porque não há um reconhecimento de tais personalidades. Quando se reconhece as personalidades, se limpa, equipara todas as existências, assim, tendo o combustível necessário para o despertar. Quando se realiza de uma forma abrupta, se gera uma fissura na consciência, por vezes desfazendo-a, vivendo uma espécie de luto, gerando um estado pernicioso, gerando uma persona que toma a frente do estado psicológico. Para se atingir a ascensão espiritual, depende da vontade de cada um, das escolhas que cada um faz em vossas vidas. O criador respeita o nosso livre-arbítrio. Todas às vezes que se acessa uma persona com sentimentos ruins, ela fica negativa e carregada de distúrbios emocionais. A alma fica áspera, carregada, sombria e não fica translúcida, fazendo com que a pessoa fique ancorada nas lembranças dessa existência. Por exemplo, a sensação de não ter feito algo que deveria, mesmo que não se lembre nessa consciência, traz consigo uma sensação de dor, culpa, uma melancolia e casos não explicados. Quando há abertura nas dobras conscienciais é possível se ver nelas (ainda que exista a benção do esquecimento). Por isso, é tão difícil se trabalhar com as ramas, porque quando há uma vinculação com os fatos, com os acontecimentos isso traz dor, culpa, ficando-se aprisionado nesta malha. É possível estar-se em consciência numa circunstância, por conta da ancestralidade de ligação de uma rama, mas não necessariamente em veste corpórea. Por isso, é importante o equilíbrio ancestral (aquilo que também é entendido enquanto “maldição hereditária”). É preciso ter cuidado com a certeza, confirmações de certas reencarnações, porque quando há a dobra de consciencial, abertura das ramas se mostram, há um entrelaçamento e as consciências se entrecruzam gerando uma espécie de afinidade. Por isso, alguém pode sentir que foi tal consciência em uma determinada reencarnação, quando de fato isso não ocorreu, o que houve foi uma ligação muito forte, uma aproximação com certa época ou situações que se estendem ao longo das existências. Quando se atinge a pentadimensionalidade, 5.ª dimensão, a consciência se expande, deixando-se de lado as vinculações estreitas com as personas, assumindo papéis simultâneos em outras realidades, uma espécie de eu-múltiplo, podendo-se estar em vários lugares ao mesmo tempo, sem perder a noção da conexão entre todos esses eus. Estou manifesto em várias dimensões, coisa dessa forma não acontece na 3.ª dimensão, em que se vive o domínio dos sentidos (olfato, audição, visão, paladar e tato) é determinante, assumindo as características da personalidade e construção do ego. A malha encarnatória sustenta todas as outras vivências atemporais, e é possível acessá-las. Tudo aquilo que se foi manifestado um dia está lá registrado. Esse processo não é definitivo, quando se supera a roda de samsara, o plano da reparação se extingue, deixa-se de fazer sentido, já cumpriu sua tarefa no plano do aprendizado, do perdão, do exercício do amor e da caridade. A lição foi apreendida, a existência continua em busca de outros aprendizados, não mais de reparações. Porque querer reparar é uma coisa, conseguir é outra, estar pronto é outra. Nem todos conseguem fazer sua reparação, acumulando mais carmas para as próximas vidas e, por isso, está-se nesse atual momento do mundo, “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”, já disse o mestre. Querer é importante, mas somente isso não basta. Estamos na última hora, o momento é agora ou se perderá a maior de todas as oportunidades regenerativas, porque um ciclo irá se encerrar (a porta da graça irá se fechar). Não se encerra a chance de se regenerar, mas isso se dará em outras circunstâncias, em outro orbe de regeneração. O momento das filosofias, das reflexões, foram momentos mais, digamos, apaziguadores. Agora é hora da ação, de pôr em prática tudo o que se aprendeu, não há tempo a se perder. É preciso deixar o passado para trás, ainda que uma consciência se ligue a ele. É preciso se reconhecer enquanto extensão a outra pessoa, mesmo tendo a ligação com algum passado. Somente quando se encerra todo esse ciclo, que se dará um salto, quando houver o alinhamento de todas as personas se dará o chamado salto quântico no DNA, os filamentos se alinharão, se recuperará partes de si desligadas, conectando-se à fonte, também chamada de Deus. Enquanto não houver a total reparação não há a conexão de todos os filamentos do DNA, onde estão armazenadas todas as informações sobre sua origem, que por sua vez se conecta ao espírito. Só o perdoar não basta, o perdão é apenas o primeiro passo, são necessárias reparações profundas. Reparar as sombras na reconstrução do bem se constitui um ato de semeadura, indica que a lição estabelecida de fato apreendida, porque o bem foi praticado. Não adianta apenas entender, é preciso fazer (a fé sem obras é morta). O fator terapêutico é importante, ele é sustentador, mas é preciso o despertar da consciência, o despertar do chamado de cada um, cada um conforme suas obras, suas características, suas aptidões, seus dons e habilidades, seu chamado. Aquele que se coloca à disposição em praticar o bem, a cumprir sua tarefa, recebe apoio do plano espiritual, mesmo com todas as barreiras, dificuldades, empecilhos, batalhas no plano astral, porque quando se sai de um estágio para o outro, quando um planeta e sua população estão próximos de um salto quântico, muitas forças contrárias se levantam, o “caos” emerge com toda a força, e são necessários os ajustes, a limpeza e reparações. É preciso que cada um leve adiante sua tarefa. Por exemplo, se alguém fala sobre o governo oculto, as falácias, as tramas contra a humanidade, continue em caridade, não olhe para atrás. Se alguém explora o que acontece nas dimensões astrais, as batalhas espirituais desde a queda para a 3.ª dimensão, faça. Cada um siga o seu chamado interior.

(01:01:02) NÃO ADIANTA QUERER DESPERTAR O OUTRO DE FORMA ABRUPTA

Todo aquele que tentar despertar o outro de forma abrupta sofrerá consequências na sua personalidade. Isso gera desequilíbrio pelo desrespeito ao processo evolutivo. O criador respeita o livre-arbítrio de cada um. Isso gera uma espécie de fixação no nível psíquico, o que atrasa o seu próprio processo evolutivo. A nossa função primaria é curarmo-nos, para depois tentarmos ajudar o próximo. Senão, isso gera um digladio, inclusive moral, isso no fundo, mostra um reflexo do estágio que a pessoa se encontra, nesse processo incessante de tentar despertar o outro sem entender a si mesmo, afinal, todo mundo está em sua própria jornada, possui as ferramentas necessárias para a sua evolução e para o seu caminhar. Não basta apenas alcançar a pentadimensionalidade (5.ª dimensão), porque ela é também uma etapa da escala consciencial. Se evolui para ser melhor, para o auto auxílio e auxílios contínuos, de forma gradativa para a reconexão com a fonte, que é Criador. 

 

(01:07:40) As ligações interestelares/ A volta do Cristo.

As ligações interestelares sempre existiram de uma forma muito sutil, discreta, com exceção dos seres regressivos, muito antes da Atlântida, a invasão dos dos Arcontes e do Sol Negro. No entanto, os seres interestelares evoluídos moralmente, são apenas auxiliadores do Cristo, o importante é o trabalho que cada um precisa realizar, por isso, que se fala em auxílio e não intervenção. Eles já fizeram suas ascensões, a humanidade precisa fazer a sua. E, ao fazerem o trabalho de ajuda a humanidade eles também evoluem, cumprem o exercício da prática do bem, do chamado de Cristo, porque nada é estático, tudo se move o todo tempo, a dinâmica do universo é a mudança constante. É preciso se tornar cada vez mais sutil para entender a dinâmica do universo, a função de cada um, como as coisas funcionam, como a história da Terra foi gestada. É preciso ter consciência que ninguém é melhor do que ninguém, seres evoluídos não se colocam nessa condição, auxiliar não significa ser melhor, e sim, compreender o processo de cada civilização em seu orbe. O sentido do conhecimento é propagar informações de auxílio ao próximo. É preciso uma reforma transformadora, porque muitos se perdem pelo caminho. Por exemplo, muitos irmãos em desdobramento astral se corrompem, buscam lugarejos e situações que não edificam, por vezes corrompendo suas consciências e se escravizando, por isso é preciso esforços, compreensão nas conexões mais elevadas. Há uma diferença entre necessidade, que é individual e o real compromisso. Esse ano é de ação, de comprometimento com o divino. Já há muitas informações, é chegada a hora de pôr em prática tudo o que se conquistou. A fraternidade, a caridade, o amor são as chaves-mestras para o reencontro consigo mesmo e reparações vividas em outrora. Atingir a supraconsciência é uma forma de quebrar as barreiras que corrompem as relações humanas. Não existe o outro sem o eu, estamos interconectados. Existem níveis e níveis de ajuda no plano espiritual, ninguém está só. Uns tarefeiros, outros em resgate, em auxílio e reparação constante. É preciso superar as angústias existenciais, e isso é possível reconhecendo a si e no exercício de caridade. Tudo se dará com a energia crística e tudo isso significa o reencontro com o Criador.

(01:21:08) AGRADECIMENTO AO CRIADOR

Eu agradeço ao Criador por essa oportunidade. Quando quiseres conversar, me coloco a disposição, sobretudo nessas questões que parecem mais teóricas, porque é preciso de ajuda mútua. Quando os filhos falam em questão regenerativa, os vejo em processo regenerador, de transformações, com capacidades de autoconhecerem. Quando isso se estabelecer, o processo de cura se dará, Graças a Deus. Percebo que os filhos estão muito racionais, e além das informações, é preciso discernimento, equilíbrio, esclarecimento para não ficar somente nesses extratos conscientes e subconscientes, para não haver incoerências aos campos astrais, para saírem do looping, repetindo os mesmos processos como se fossem verdadeiros. É preciso ponderação e estados reflexivos. Não para que haja discordância pura e simples, mas uma reelaboração, uma espécie de habilidade construtiva, diária para o processo do despertar, abraçando as informações e analisando se elas fazem sentido a alma, o sentido da verdade em si, uma verdade que seja planetária, e não somente situacional, de interesses específicos, até para superação dos desníveis informacionais, não para fracionar, mas para decodificar aquilo que seja de importância humanitária, porque existe um bombardeio de informações. É necessário crivo, discernimento, para que se possa saber como agir, como interpretar, para o preenchimento de lacunas e soluções, de uma forma digna para o vosso espírito. Tudo isso, para que ressoe para uma reformulação ao vosso espírito. Graças a Deus!

 

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Tadeu: primo-amigo-irmão

No dia 14 de janeiro último, fez a sua passagem para o outro plano, João Tadeu de Paula Bicalho – João Tadeu, para mim, simplesmente, Tadeu, o meu mais longevo amigo, 42 anos de amizade. Nascemos no mesmo ano, 1974, ele mais velho do que eu quatro meses, e sempre que o dia 27 de agosto de cada ano se avizinhava, brincava:  – “É mais velho que eu”. Foi uma das poucas pessoas que, ao longo de 49 anos, jamais deixou de me parabenizar pelo meu aniversário.

Primo legitimo, filho dos tios Zeneide e Bicalho, conheci-o de forma um tanto estranha, esgueirando-se entre as pernas de minha tia, assustado, ali, com a nova situação, pois acabara de chegar do Rio de Janeiro, cidade onde nascera, motivo de pilhéria comigo. Sempre me dizia brincando­: - Nasci em Laranjeiras, no Rio, e tu, em Codó”... risos.  Na minha casa, chegou a morar durante alguns meses, até se mudar.    

Foi a minha tia que escolheu para ele a mesma escola que eu frequentava: Instituto Educacional Freitas Figueredo, na Cohab, bairro em que cresci. Todos os dias quando saímos do Freitas, como chamávamos a escola, íamos rezar na Igreja Católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Cohab, local onde será realizado a missa de 7º dia. Na mesma sala, estudamos a 3ª série do ensino fundamental, a única disputa entre nós em toda a nossa amizade, por melhores notas; depois, na 5ª, além do 1º ano do antigo ensino médio, já no Colégio Almirante Tamandaré.

Na infância, Tadeu me influenciou no universo dos quadrinhos, mundo Marvel, DC Comics. Sempre foi um leitor voraz, curioso, atento. Foi também a minha referência primeira em cinema, filmes de ação, ficção científica e, sobretudo, de terror, já que foi ele a me apresentar, por exemplo, Carry, a estranha; Fred Crugger, A Hora do Pesadelo; Sexta-feira 13; O Exorcista. O único filme de terror que eu o apresentei, já adulto – e, para ele, o melhor – foi o francês L’intérieur (2007). Sem dúvida, o meu primo era o que se poderia chamar, hoje, de um nerd. A minha única habilidade, a qual constituía um diferencial em relação a ele, era o futebol, o qual nunca gostou, de fato. Mesmo em bairros distantes, quando possível, víamo-nos e conversávamos sobre absolutamente tudo, tudo aquilo que estava no horizonte de dois adolescentes em bairros periféricos de São Luís. Como, de fato, era muito astuto e curioso, exercia em mim a vontade de, repetida e reiteradamente, sondar novos assuntos, e eu me abismava com o fato de ele, mesmo tão jovem, dispor de um leque de abrangência de interesses tão diversificados.   

Um belo dia, ele me surpreendeu ao contar que havia se convertido à Igreja do Evangelho Quadrangular. Levou-me para assistir a um culto e não tardou muito para também me congregar no mesmo templo, Rua Raimundo Correa, Monte Castelo. Depois, migrou para o do João Paulo, no qual se transformou em Presidente da Mocidade, eu, diácono e vice-Presidente de Mocidade.

Enquanto evangélicos, fundamos o Grupo Centelha, juntamente com Adilson, entre outros, na Escola Almirante Tamandaré, onde fizemos o ensino médio em contabilidade, jamais exercendo o ofício. Também adentramos o movimento estudantil. Ele não se demorou muito; já eu ingressei, depois, na militância acadêmica, quando cursava História na UFMA e nas trincheiras de PT, embora nunca tenha me filiado oficialmente.

O nosso único distanciamento, e que em nada arrefeceu a nossa ligação anímico-fraterna, foram nos anos de faculdade. Como dito, eu ingressei na UFMA, onde cursei História; ele, Letras, na UEMA. Da UFMA, fui para São Paulo, cidade de Assis, cursar o mestrado e, quando morei na capital com a minha irmã Nel, Tadeu nos visitava, com constância.

Amadurecemos juntos. Desde a tenra idade, inscrevemo-nos, um no outro, como confidentes. Há coisas dele que só eu sabia, e vice-versa. Quando entrei em depressão, em 2012, o meu primo-irmão foi absurdamente essencial na minha vida, amparando-me, irrestritamente, em todos os momentos. Igualmente, estive, do seu lado, em situações delicadas. Lembro-me de uma ocasião em que eu, à época espírita – dessa vez, fui eu a levá-lo para outra religião, a qual frequentou comigo durante um tempo, no caso, o centro espírita Paulo de Tarso, na Maioba, estrada de Ribamar – no apartamento em que morava, alugado de meu amigo Frank, no Parque dos Nobres, ouvi a voz da minha tia falecida Zeneide, que assim me alertou:  - “Zeca (como eu sou chamado na família), agora que sabes que a morte não existe, é apenas uma passagem, peço-te que envies uma mensagem a Tadeu. Diga que estou deveras preocupada com o que ele está passando!”. Prometi que o faria. Liguei e combinamos um encontro no bar do Léo, no Vinhais. Assim que ele chegou, pedimos uma cerveja e, de imediato, falei-lhe: - Não precisas acreditar em mim e absorva somente o que te faz sentido. Tia Zeneide entrou em contato comigo e pediu que eu lhe transmitisse que está deveras preocupada com o que está passando contigo. Queres falar sobre”? Ele afastou o copo de cerveja, abaixou a cabeça, chorou copiosamente durante um bom tempo. Depois, enxugou as lágrimas e disse: - “Eu nunca te escondi nada, mas sobre isso eu não quero falar, tudo bem?” Respeitei, assenti e passamos a divagar sobre outros assuntos.

Sempre desconfiei que a nossa ligação não era dessa encarnação. Já não era mais espírita, quando em tratamento terapêutico de hipnose regressiva, em 2014, experienciei uma situação deveras emblemática. Em tal sessão, eu estava na Europa do século XVII, voltando para a minha casa, no caso, uma cabana... Ao sair dessa consulta, tive a vontade súbita de correr até o Tadeu para contar o que havia transcorrido. Mal comecei a relatar, e ele, transtornado, pediu para que eu não falasse mais nada. Silêncio… Narrei somente até a cena da cabana, e ele descreveu, exata e literalmente, o que somente eu e o médico e hipnólogo sabíamos. Assim complementou o relato: - “Tu estavas voltando para a tua casa, uma cabana, (descreveu-a) perto de um pequeno lago, depois de cruzar um bosque, passar por uma ponte de madeira e chegar a uma pequena aldeia onde uma mulher estava sendo apedrejada e morta”... Fiquei pasmo, atônito, sem saber o que dizer porque fora exatamente isso que havia sido passado na sessão. Ele concluiu: - “A mulher sendo apedrejada era eu. Eu tenho esse sonho recorrente há anos e nunca contei a ninguém. Tu és a primeira pessoa a saber disso”.

Tadeu era um tipo raro de amigo: fiel, honesto, companheiro e, igualmente, chato, reservado, de personalidade muito forte, exclusivista, restritivo, irreverente, iconoclasta, embora transparente até alma – daí nunca ter declinado de uma virtude de difícil aceitação: o chamado “sincericídio”, o que tornava-o uma pessoa de poucos amigos, por vezes, visto, até, como antipática. E eu era uma das poucas pessoas que dispunha de passe livre para visitá-lo em sua casa sem avisar. Ele deixava isso bem claro.   

Ao longo de 42 anos de amizade, ­é-me muito difícil descrever a profundidade dessa irmandade. Foi a única pessoa com a qual eu conversei sobre “absolutamente tudo”, e sem reservas: Jesus, religiosidade, espiritualidade, ufologia, Bíblia, mundos paralelos, extraterrestres, entrelaçamento quântico, Cabala, física quântica, astrologia, telepatia, teletransporte, telesinese, chakras, literatura, música, filmes, séries, política, relacionamentos, amizades, sonhos, dinheiro, frustrações, ressentimentos, etc.

Ainda no campo inaugural, a minha primeira viagem internacional foi com ele e com o Borba, o seu companheiro à época, e Lúcia, a minha então esposa. Fomos para Buenos Aires e Montevideo. Indescritível. No meu casamento foi ele a apanhar o buquê de flores. Advogado, professor de Inglês – por sinal, exímio e fluente –, pois, nessa viagem, podemos desfrutar de sua interlocução em situações em que o idioma espanhol não se fazia possível. Dono de uma inteligência rara e de um humor ácido, era de tiradas velocíssimas em situações irônicas, o que, invariavelmente, levava-nos a gargalhadas da mais incontidas. Estar ao lado dele era a certeza de boas risadas, mas também de pequenos estresses, suscitados por um bom e metódico virginiano. Reservado, discreto, coerente com as suas convicções, dedicava-se a embates em torno dos seus ideais, o que acabava por agregar pessoas, que, por gostarem dele, não renunciavam da sua companhia.

Quando a sua cachorra Dalila teve de ser sacrificada, em 20 de agosto de 2023 – por coincidência, o aniversário de sua mãe –, Tadeu parou de comer, tamanha a consternação. E de tristeza se isolou. Foi ficando cada vez mais fraco até ser acometido de uma insuficiência respiratória e falecer.

Em um momento-limite, dos mais agudos e dramáticos, Eu fui a última pessoa próxima a vê-lo na UTI. E ele me fez um pedido, o qual não atendi. Foi este o seu clamor: - “Me tira daqui, quero morrer em casa”. Eu disse:  - “Não vais lutar pela vida e vai entregar o jogo? Vai desistir, mesmo?” E me fitando, olhando-me seriamente, como sempre: - “Não tem mais jeito, eu estou muito fraco e não vou aguentar”.  Comuniquei a Socorro, que cuidou dele nos últimos meses, irmã dele e minha de minha criação, a Homell, irmão dele e, do mesmo modo, meu de criação, solicitando que se despedissem, pois sabia que não voltaria. E, assim, tentaram vê-lo no dia 14 de janeiro, na UTI, às 11 da manhã. Tarde demais, tinha acabado de partir, pouco antes das visitas.   

Pois eu vi partir um primo-irmão-amigo. Uma sensação estranha e de difícil elaboração, mas não pela ideia de morte, a qual não me assusta nem um pouco, aliás, na UTI quando me pediu para que eu o tirasse de lá, eu lhe indaguei: - “Já preparaste teu espirito”? Ele respondeu: - “Já, estou pronto”. Um dos grandes temas que atravessaram as nossas conversas, ao longo de 42 anos, desenrolava-se, naquele momento, de forma muito serena. A estranheza, contudo, fica por conta da falta maiúscula que ele fará, Falávamo-nos quase toda semana por Whatsapp, com instigantes trocas de reels e de vídeos engraçados, seguidos de “kkkkkkkkkkkkkk.  Era quase um ritual. 

Quase sempre que saía da UEMA, Campus Central, no São Cristóvão, passava por sua casa, no IPEM São Cristóvão. Atualizávamo-nos das novidades, tomávamos um café, e eu seguia, nutrido de sua inteligência e afeto, rumo à minha casa.

Em 27 de agosto deste ano, pela primeira vez, não enviarei mensagem de aniversário, sem a esperada zombaria por ele estar mais velho que eu. Aliás, seria uma data especial, uma efeméride, faríamos 50 anos de idade. Quando eu o fizer, em 10 de novembro, será diferente. Impossível não me lembrar dele ouvindo, em sua playlist, Peter Cetera, que tanto adorava, além de Elton John e Phil Collins, e, ainda, colocar uma máscara, seja a trazida por mim para ele de Veneza, seja a de Cabo Verde, que adorava igualmente. Agradeço a Deus, criador do Universo, pela oportunidade de ter estado com ele nessa jornada – para mim, indubitavelmente, mais do que uma sorte, uma honra, mas, sim, uma dádiva.

Este texto-homenagem de mim se deslinda como uma forma de agradecimento ao Universo por sua existência. A maneira que encontro de expressar, minimamente, a tentativa de significação de sua indelével presença para em minha vida, e tentar processar essa perda empírica, é escrevendo, reelaborando. Trata-se de uma forma de prosseguir com os nossos diálogos, porque o nosso contato não cessará. Encerrou-se, tão somente, nesse plano físico, mas continua na indelével dimensão astral.

Pois o Tadeu, agora, terá a oportunidade de me contar como é do outro lado do véu, como vem passando, vivendo, aprendendo, por onde tem andado, bem como de suas reveladoras descobertas. Amigos-irmãos como ele não abandonam os seus, e não será dessa vez. Passamos 42 anos tentando desvelar o que separa a matéria do espírito. Como sempre foi precoce em tudo, mais uma vez ele irá descobrir primeiro.

Hoje, pela manhã, acordei e, de súbito, quis compor esta crônica. Um aroma agradável de rosa preencheu todo o quarto, um cheiro inconfundível. Era ele. Sim, e já fazendo contato. Está aqui no que sinto e pressinto.

A ti, meu primo-amigo-irmão, que eu tanto amo, um até breve. Até breve não, vou ficar neste plano por mais uns 40 anos, não pretendo partir agora… risos. No entanto, como no mundo espiritual o tempo é outro, está inscrito na 3ª dimensão de modo muito distinto do nosso tempo-relógio-calendário, daqui, aproveita e tira as tuas conclusões a partir de nossas conversas e me conta se o que sentíamos e sabíamos era fantasia, delírio, intuição, imaginação, ou já, em algum nível, a forma mais aguda e iluminada de percepção.      

Minha gratidão à Luciana Barreto pela revisão e intervenção no texto                              

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Encontro das águas com 8 mãos

 Pororoca


Por Ria dourada e Mar agitado


Eu, rio, tu, mar,

encontro impossível

mas Deus fez chegar

entre vai e vem do mar

o rio está a te esperar,

na calmaria do tempo

na hora de te encontrar,

vem mar, 

nesse encontro capaz de nos misturar,

transformar sal em doce,

para o eterno rio(a)mar.

Recebe as águas onde desagua rios de mar amar,

vem com força e encontra a resistência leve das águas de rio,

o mar salgado, 

o rio doce, 

água agridoce,

o mar impetuoso morrendo nos doces lábios de rio

se confundindo, 

virando um só,

eu, agora também rio, 

rio por não saber mais quem sou,

choro, 

não é tristeza, 

é alegria por se perder em tuas águas,

e já que lágrimas são salgadas

ao chorar não sabe se ainda é,

pois então seremos eternamente uma só água de um rio(a)amar . 


O Medo

Khalil Gibran  

 

Diz-se que antes de entrar no mar

um rio treme de medo.

Ele olha para o caminho que percorreu,

dos picos das montanhas,

A estrada longa e sinuosa que atravessa florestas e aldeias.

E na frente dele,

ele vê um oceano tão vasto

que entrar só pode significar

desaparecer para sempre.

Mas não há outro caminho.

O rio não pode retornar.

Ninguém pode voltar.

Voltar é impossível na existência.

O rio precisa correr o risco

indo para o oceano

porque só então o medo desaparecerá,

porque é aí que o rio vai saber

que não se trata de desaparecer no oceano,

mas para se tornar o oceano.


Com Khalil Gibran, Ria Dourada, Mar agitado,  sem esquecer de Guimarães Rosa

Flávio Lazzarin


Em vez de se deixar levar pelo rio

obrigados a perder o medo 

de se tornar oceano

Em vez de esperar 

pela piedosa pororoca

que nos salgue bem adentro

nos conhecidos mapas do nosso eu

antes da implacável correnteza nos levar à foz

buscamos a terceira margem

a que contesta o fluxo

que enfrenta o rio

o tempo 

o destino

o fim 

e as suas metáforas

a margem que extrapola

a margem dos poetas, dos rebeldes, dos inconformados.


Agosto 2023

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

POROROCA

Por Ria dourada e Mar agitado


Eu, rio, tu, mar,

encontro impossível

mas Deus fez chegar

entre vai e vem do mar

o rio está a te esperar,

na calmaria do tempo

na hora de te encontrar,

vem mar, 

nesse encontro capaz de nos misturar,

transformar sal em doce,

para o eterno rio(a)mar 

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Recebe as águas onde desagua rios de mar amar,

vem com força e encontra a resistência leve das águas de rio,

o mar salgado, 

o rio doce, 

água agridoce,

o mar impetuoso morrendo nos doces lábios de rio

se confundindo, 

virando um só,

eu, agora também rio, 

rio por não saber mais quem sou,

choro, 

não é tristeza, 

é alegria por se perder em tuas águas,

e já que lágrimas são salgadas

ao chorar não sabe se ainda é,

pois então seremos eternamente uma só água de um rio(a)amar . 

sábado, 24 de junho de 2023

William Autumn sem o bolso da camisa

 (Continuação do conto: no bolso da camisa, de 14 de fevereiro de 2017)  versura.blogspot.com/2017/02/no-bolso-da-camisa.html


O que teria acontecido a William Autumn, professor de Filosofia da Linguagem da Universidade de Vancouver, após o seu sumiço diante do palco perante uma plateia lotada? Se preparara para uma grande conferência acerca do significado da existência a partir da filosofia da linguagem quando, ao pedir à plateia que fechasse os olhos, após alguns instantes, desaparece do palco. Fez de volta o trajeto a pé da Universidade para sua casa. Caminhou lentamente, como de costume, com seu blazer azul claro, camisa azul turquesa, calça de linho cinza, cinto marrom e sapatos pretos.

No trajeto de volta indagou ser aquela mais uma conferência, como tantas outras e que não mudaria nada a percepção das pessoas sobre a vida. Mas, como o subconsciente é sorrateiro, algo passou despercebido no momento em que  pediu que a plateia fechasse os olhos, ele não. Mirou fixamente nos seus alunos que o assistiam entusiasticamente e, como um espelho, se lembrou de sua adolescência e sua fase já enquanto estudante de filosofia. Se deu conta de que todo esforço empreendido em ser um grande estudante de humanas era uma resposta ao abandono maternal, quando, ao ingressar com entusiasmo na Universidade, foi até a casa de sua mãe, que nunca lhe teve grande proximidade, para comunicar a ela do feito de ingresso à carreira acadêmica e ouviu um sonoro: “_ eu pensei que viesses me comunicar que serias um futuro advogado, engenheiro, mas um estudante de filosofia? Para que serve mesmo?”

Ao olhar detidamente a plateia, se deu conta de que todo esforço empreendido ao longo da carreira acadêmica era uma resposta inconsciente aos desejos dos outros, a uma necessidade de agradar, de ser aceito, no caso, pela via intelectual. E tudo isso passou num átimo de segundo. Fora enganado a vida toda por uma persona, uma máscara, e isso era duro demais para um professor de Filosofia da Linguagem cujo interesse maior era exatamente a existência. Era como se a “existência” o tivesse pregado uma peça: ao falar dela, falseou os sintomas subterfúgicos. E o que é pior? Seus alunos eram-lhe reflexos. Se sentiu um impostor, um embusteiro, antiverdadeiro por não ter tido a coragem de enfrentar tal falseamento. Não conseguira mais seguir em frente. Aproveitou enquanto a plateia fechara os olhos para, lentamente, sem aviso, deixar o palco, assim, sorrateiramente, silenciosamente, sem aviso, porém, sem medo da repercussão, pela primeira vez na vida.  

No trajeto de volta para casa, ainda que relativamente perto das cercanias da Universidade, pensara não ser esse o único motivo do abandono da conferência e tal trajeto que antes causava-lhe fruidez, tranquilidade pela beleza do bosque que adorna o campus, as ruas floridas, os cafés, as gentes sentadas na grama, lendo livros, muitos inclusive de sua autoria, dessa vez lhe pesara os pés como chumbo. Como reage a isso? O Professor de filosofia não se vê envaidecido? Agora pouco se importa com essas minúcias. O tempo não passava, o trajeto de repente se tornou uma tormenta, pesaroso, como se não quisesse chegar em casa, porque a casa não seria o fim dessa reflexão, por isso, começou a andar e dar voltas no quarteirão.

A recente descoberta o embarcaria ainda em outras descobertas que só se dera conta à medida que pensava com os pés, como Sêneca. A resposta intelectual enquanto estudante a sua mãe ausente era sequência, ou melhor, consequência de outro acobertamento: a de que todo esforço empreendido em ser um bom estudante, retirou-lhe da vida boemia costumeira aos jovens universitários. Seu inconsciente sub-repticiamente o impeliu a estudar, a se destacar perante a humilhação de sua mãe como forma de compensação, mas não lhe previu que tal obstinação lhe custaria outra sublimação: “viver” e ser livre. Seu empenho acadêmico lhe retirou noitadas com os amigos, paqueras, flertes, boites, festas, como de costume dos jovens, mesmo sendo ele vistoso, a bem da verdade, muito bonito, embora tímido. A timidez no fundo é vaidade, receio em ser rejeitado, por isso, uma defesa, uma antecipação a qualquer rejeição. Ele se indagou, mas, de onde vinha a timidez? Certamente da falta de acolhimento maternal, da segurança que os pais transmitem aos filhos, como também de suas memórias apagadas da adolescência.

Corpo franzino, pele esquálida, nada se assemelhava ao bonito jovem daquele tempo da Universidade. Durante a infância e a adolescência sentia-se estranho, esquisito, retraído. Seus interesses não se confundiam com os de seus colegas de rua, com exceção de Sebastian, que sempre preferia ficar no telhado de sua casa olhando o céu a brincar de futebol na rua.

Se lembrou que nas brincadeiras em que de olhos vendados as moças escolhiam uma respectiva fruta correspondente ao ato do beijo, quer na bochecha, quer na boca, nunca fora escolhida a maçã, pois estava correlacionado a ele, ou seja, jamais recebeu beijos nos lábios de suas possíveis namoradas da rua. E isso era mais uma dura constatação: os seus relacionamentos ao longo da vida refletiam carências como busca por beleza, mulheres exuberantes, vistosas, uma espécie de espelhamento de suas carências internas, uma necessidade fremente de aceitação, de validação social, tudo como forma de compensação pela rejeição na adolescência e pelo excesso de timidez. Se deu conta de que havia uma padrão em seus relacionamentos: quase todas as mulheres com quem se envolveu ao longo da vida tinham os mesmos perfis, características muito semelhantes, traços arquetípicos em comum. O inconsciente é nove mais forte que o consciente.  

A timidez da adolescência prolongou-se a fase adulta, já na Universidade, que, enquanto resposta a sua mãe, sublimou uma fase importante da existência: outras descobertas. Foi aí então que William Autumn começou a chorar. Sua atuação de professor não era apenas uma resposta a sua genitora, como também uma tentativa de recuperação da fase acadêmica dedicada quase que exclusivamente aos estudos. As leituras seriam uma espécie de bônus, compensação, barganha, respeitabilidade pela fase de “invisibilidade” que vivera enquanto estudante. Ser visto pelos seus alunos era uma questão também de aceitação.

O longo trajeto, embora curto, enfim acabara. Sentou-se em sua cadeira, frente à escrivaninha, redigiu uma carta de demissão à Universidade de Vancouver, escolheu um velho romance que comprara há muitos anos, embora ainda plastificado, e começou a ler sem se preocupar com o futuro. Estava se curando de seu passado.


Entrevista com Arton, de Sirius. Parte II

  Entrevista realizada no dia 14 de fevereiro de 2024, às 20:00, com duração de 1': 32'', gravada em um aparelho Motorola one zo...